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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Você está amando ou sofrendo?

Um bom número, dos que dizem estar apaixonados, vive uma vida de exagerada "dedicação" à pessoa "amada". Costuma dormir muito tarde, falando ao celular ou vendo fotos da pessoa com quem se relaciona. Muitas tarefas do cotidiano são proteladas, porque o pensamento só gira em torno do outro. Os antigos amigos, membros da família e as pessoas com quem antes conversava, parecem ter deixado de existir. No mundo desses "apaixonados" apenas um habitante existe: a pessoa "amada". Mas, seria isto mesmo amor ou uma espécie de sofrimento psicológico onde, paulatinamente, um deixa de viver tentando ser a vida do outro?

Muitos "apaixonados" vão, aos poucos, perdendo a identidade, o gosto pelas atividades que antes lhes eram prazerosas e o sentido de poder viver em todas as direções da vida. Se a pessoa "amada" não estiver por perto, nada tem significado. Precisam ligar a cada meia hora. Ficam conectados dia e noite. Alguns chegam a dormir com o celular ao ouvido, tentando ouvir o menor sussurro do outro lado. Esses "amores" tentam superar Romeu e Julieta, mas acabam levando suas vítimas a um sofrimento emocional terrível.

Olhando de fora é penoso ver uma pessoa deixando de viver para estar 24 horas por dia a serviço daquela que diz amar. Não vai à praia com os familiares, não estuda, tem queda na produção escolar, ver os outros como insignificantes, esquece de todos, para pensar apenas no seu "objeto de amor". Muitos não comem, não dormem, não se divertem, nem conseguem relaxar. Alguns ficam o dia inteiro imaginando o que "seus amores" estão fazendo ou com quem eles possam estar. Muitos pensamentos vêm à mente: será que está pensando em mim? será que está me traindo? por que não me liga? por que não atende o celular?

A pessoa que ama nestas circunstâncias tem sofrimento psíquico, medo de perder o outro, acredita que não vive sem "seu amor" e não consegue fazer qualquer atividade, sem a presença dele. Então, se torna pegajosa, exigente, ciumenta, e acaba sufocando quem acreditava amar. O amor não pode ser um conjunto de comportamentos doentios e sem regras, que visa simplesmente uma satisfação individual. Ele existe para ser livre e para proporcionar bons sentimentos a quem o possui. Quem diz amar e sofre, angustiado por não poder prender o outro aos seus pés, nunca conheceu o verdadeiro amor. Quem ama permite que o outro escolha ir e voltar quando sentir vontade. Quem ama conquista o próprio direito de viver bem e feliz. 

É triste ver jovens e adultos travados, isolados, fechados dentro das paredes doentes de uma paixão, afirmando que amam demais. Eles agem como se estivessem sob o efeito de uma droga. Sim, os efeitos são semelhantes. E, em ambos os casos, a crise de abstinência pode trazer sérios sofrimentos. 

A dica para os pais é não permitir que seus filhos adolescentes mergulhem tão profundamente na alimentação das paixões rotineiras desta idade. Sejam seus amigos, conversando, aconselhando, policiando cada atitude movida por paixão. Permitam que seus filhos namorem, mas não deixem que sejam vitimados por um amor "doente" que escraviza e faz sofrer. O namoro dos adolescentes necessita do monitoramento dos pais, para evitar danos emocionais. Não deixem para saber sobre as emoções de seus filhos quando eles tiverem cometido suicídio, motivados pela crença de que a vida não faz sentido sem o (a) namorado (a) que perdeu.

A dica para os demais é começar a questionar se realmente estão felizes no relacionamento ou se sofrem angustiados, a todo momento, sendo atormentados pela dor na alma, respiração ofegante, necessidade de estar com o outro e dúvida quanto ao seu amor. Se o relacionamento lhe traz sofrimento, vale a pena investigar se está vivendo um grande amor ou uma grande doença emocional.

Joacil Luis - Psicólogo - CRP 13/6160   Contato: (83) 8745 4396.

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